Não existe nada mais frágil que a noção de fidelidade partidária no modelo atual de política vigente e em prática no Brasil. A declaração feita pelo vereador Wiginis do Gás (Podemos) na manhã do último sábado, 18/9, é uma prova inequívoca disso.

Durante entrevista a Guilherme Fernandes, no programa 98 Comunidades, da FM 98.7 (Rádio Cidadania) o parlamentar declarou, a plenos pulmões, que vai apoiar, nas eleições de 2022, os candidatos indicados pelo prefeito de Mossoró, Allyson \Bezerra (Solidariedade).

“A Câmara Federal, nosso apoio será para Lawrence Amorim, e para deputado estadual será o nome que o prefeito apoiar, mesmo que não seja o candidato do meu partido”, reforçou. Lawrence deverá ser apoiado pelo chefe do Executivo mossoroense.

Wiginis afirmou ser grato à presidente do diretório municipal do Podemos, Bianca Negreiros, que montou a nominata que acabou elegendo-o, mas que para as próximas eleições, vai seguir o líder dele, Allyson Bezerra. As declarações de Wiginis são fortes, mas não causam estranheza.

Num país cuja política é marcada pelo “toma-lá-dá-cá, ninguém estranha, infelizmente, que políticos abram mão de princípios, bandeiras partidárias ou projetos coletivos em nome das benesses que o poder do mandato que detém lhes permite.

Nessas condições, falar em fidelidade partidária beira a hipocrisia. Mesmo que a lei e o Judiciário tenham fechado questão que o mandato pertence ao partido, ainda não há mecanismos que façam com que aqueles que estejam investido nele desenvolvam ações que guardem semelhanças com as ideias e posições da agremiação partidária.

O debate sobre fidelidade partidária está circunscrito, em via de regra, às situações em que se discute apenas a saída do parlamentar, ou seja, quando o político busca argumentos legais para justificar a sua debandada da sigla.

No caso de Mossoró, como se vê, deliberadamente o vereador abre mão de qualquer vínculo com o partido ou das bandeiras deste, para decidir por algo que o beneficia. Mesmo que não seja a mais moral das situações, como se sabe, apoio político nunca é oferecido gratuitamente.

 

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