* Jônatas Andrade

 

Com três dos seus quatros protagonistas sendo surdos, ‘Coda’, lançado em 2021, é o atual vencedor do prêmio de Melhor Filme do tradicional festival Sundance e tornou-se uma das aquisições mais caras da indústria do cinema, tendo sido comprado pela Apple por 25 milhões de dólares para ser exibido em seu serviço de streaming.

A qualidade do filme faz juz ao alto valor desembolsado pela empresa da maçã. Sensível, inteligente, com atuações cativantes e diversos momentos que emocionam, Coda é um sopro e um canto de vida em um ano tão pesado como foi 2021.

CODA, do inglês, é o acrônimo de Child of Deaf Adults (Filho/a de Pais Surdos), o que nos ajuda a entender qual a condição e o papel da personagem Ruby Rossi (a atriz Emilia Jones, um dos destaques da produção), que é a intérprete de seu pai, mãe e irmão, uma família que vive do trabalho pesqueiro e que precisa em todo o tempo de alguém que ouça os sons, sirenes e alertas costeiros, bem como necessita de uma voz que os represente junto ao problemático sindicato pesqueiro local.

CODA, contudo, possui também um outro sentido, e que nos ajuda a entender os sonhos da ainda jovem Ruby. Coda, na linguagem musical, é a seção com que se termina uma canção. Assim, a esforçada e multiatarefada Ruby, cujo talento para o canto é um fator desconhecido para a família surda, divide-se entre a escola, a ajuda com o negócio de pesca e venda de peixes, as relações em casa e com o seu exigente professor de canto, a luta contra o bullying sofrido pela família e o sonho de vencer na vida através do seu talento musical.

Coda, que no Brasil recebeu o subtítulo ‘No Ritmo do Coração’, é uma refilmagem do premiado longa francês ‘A Família Bélier’, que carrega parte dos idealizadores originais para esta nova versão, é filme que embora não avance muito didaticamente nas dificuldades enfrentadas pela comunidade surda, é tocante ao retratar estes indivíduos de forma não pré-idealizada, trazendo nas minúcias das atuações, principalmente do pai e da mãe de Ruby, ambos merecedores de prêmios, as dores, alegrias, dissabores, frustrações e sonhos de uma família que cresce aos olhos do espectador a cada minuto do filme.

 

*  Coordenador de Tutoria na Diretoria de Educação a Distância da UERN, Membro da Associação de Críticos Cinematográficos do Rio Grande do Norte (ACCiRN) e Conselheiro Municipal de Cultura em Artes Visuais.

 

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