* Márcio Alexandre

 

Semana passada falei da dificuldade de mudar. Inspirado por alguns leitores que sugeriram uma espécie de continuidade da reflexão, a retomo, mas na tentativa de oferecer uma nova nuance à questão. E o faço referindo-se a algo fundante na nossa constituição cristã: perdoar. Esse ato, sublime, divino, libertador, também não é fácil.

E exige mudar. Mudar a forma como nos referimos a quem nos magoou. Mudar a maneira como pensamos sobre a dimensão da mágoa. E, especialmente, sobre que ganhos temos ao persistir em seguir com algo que não nos acrescenta nada.

Não perdoar pode revelar nosso desejo inconsciente de se vingar. Nossa vontade incontida de ir à forra. De descontar o mal. De retribuir a bofetada.

Para perdoar, porém é preciso ter fé. Acreditar que trata-se de um gesto sagrado cujo resultado imediato somos nós que experimentamos.  O primeiro fruto da fé é a paz. A grande raiz do perdão é a fé. Perdoar é ver a cicatriz e não lembrar do ferimento. É ter a ferida e não sentir a dor. É sentir a dor e não querer revidar.

Ter uma nova percepção sobre essas questões é um ato de mudança. Corajoso, mas difícil. Altruísta, mas penoso. Belo, mas demorado.

Perdoar é uma chance que se dá a si mesmo. Quem você precisa perdoar hoje?

 

* Professor e jornalista

 

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