* Márcio Alexandre

Num repouso de um hospital universitário, um médico se aproxima e, ao ver o espaço com alguns residentes, reclama. Acha que tomaram seu lugar, embora ainda haja lugar para muitos.

No refeitório de uma empresa, o encarregado” também se incomoda que o “recanto” reservado aos “mais importantes” também tem a presença de assalariados. Num escritório, os chefes não gostaram de ver os chefiados na sala de estar reservado aos “líderes”.

Esses são alguns – maus – exemplos de seres que acham mais importantes que outros humanos. De gente (?) que acha que o sentido da vida é dividir as pessoas entre mais ricos e mais pobres. Entre letrados e iletrados. Doutores e analfabetos. Como água e óleo. Sem se misturar. Sem interação homogênea. Há desse tipo em todo canto. Que se acha maior por escantear quem considera menor.

Gente (?) que considera caridade passaporte para o céu. Que agradece aos céus por existir pessoas precisando de ajuda. E que ajuda para se sentir melhor do que o ajudado.

Difícil imaginar que na mente de gente que faz acepção de pessoas não esteja impregnada a ideia de eugenia. Impossível falar de perspectiva eugênica sem dissociá-la do holocausto.

Não há nada que apequene mais um ser – que se diz humano – do que a sua necessidade de se sentir maior do que aqueles que lhe são iguais.

Importante mesmo é quem se importa. Com todos e qualquer um. Com o rico e o pobre. O negro e o branco. O doutor e o analfabeto. O da periferia e o da metrópole.

Importante é quem ajuda sem buscar recompensa. Quem acolhe sem esperar guarida. Quem faz caridade com desprendimento e quem é solidário com altruísmo. Por que o que importe é o amor desinteressado.

 

 
 
 

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