* Márcio Alexandre

 

Uma das maiores alegrias de se pagar uma conta é a possibilidade de se comprar mais uma vez. Mesmo sabendo-se que é um novo endividamento. Quando quitei a última fatura de um cartão minha felicidade foi maior ainda porque não iria mais comprar naquela loja.

Minha então credora era uma dessas 300 empresas fiadoras do projeto de caos que vivenciamos. Fui atraído, há alguns anos, com a oferta de pagamento de roupas em cinco parcelas. A doce ilusão de que se endividar a perder de vista é aumento do poder aquisitivo.  Cancelei o cartão.

Passei a deixar de negociar com outras empresas e pessoas com afinidade com o capeta presidencial. Para mim, não importa se vende carro importado ou tapioca, teve essa ligação, busquei evitar. Sobretudo aqueles que mesmo na lama segue querendo nos empurrar para o chiqueiro. Com a respeitosa vênia dos suínos.

Um dos comerciantes do bairro que deixei de prestigiar gostava de chamar um ex-presidente de ladrão de 9 dedos. Era, simultaneamente, preconceituoso e criminoso. Não precisei de argumento político para deixar de frequentar seu comércio. Uma pata de barata no pão que ele produz nos poupou desse diálogo. Lamento que ainda tenha gente que siga tendo que encarar sua boca podremente preconceituosa e a cozinha do seu comércio infestadamente suja.

Prestadores de serviço com filial afetiva com o capetão também são dispensados. Ao perceber minha postura, um parente da minha companheira disse que eu iria “endoidar”. Disse-lhe que eu não teria problema a esse respeito. Enlouquecer talvez não seja problema. Não luto contra moinhos de vento. Enfrentamos tempestades de maldades.

 

* Professor e jornalista

 

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